Sem poesia, a vida seria a morte.


domingo, 22 de março de 2015

Improvável poema

Um poema é algo mutável
quando aparece, não existe,
mas já era antes.
Mas então, de repente,
não acontece.
Esconde-se sob uma esquina,
observa
Insinuado numa outra voz,
disfarçado atrás de um olhar
ou até
vindo de um tempo sem lugar
Um poema é vestido de silêncios,
mas sua pele nua
sugere a vida na morte.
Parece calar,
mas entre as linhas, gritos e sussurros
em suas sobrepostas letras soletram.
Um poema é mar, ondas vagas de tinta,
cheio de brancos.
Um poema é sal, de mar e de lágrimas
Inspira e suspira leveza... ou tristeza.
Um poema pulsa nas mãos que vivem ou matam,
em mistérios comove-se
e perde suas palavras,
que nascem, fielmente livres,
para sempre.
Um poema é um sonho
de um artista inconfessável
intimamente calado,
ao menos em parte.
Um poema é um apenas milagre pois até viver parece impossível.

Improvável poema.

sábado, 21 de março de 2015

Em meus cantos
redondos mundos,
palavras perdidas.

Para onde vou,
já saí. Longe estou
de você,
de mim mais
perto.

Íntima, ínfima, infinita.

Meus pares,
minhas palavras,
meus cantos ternos.

Redondo mundo, rodando,
perdido em busca de seu rosto
que não me alcança. CQ

domingo, 8 de março de 2015

Ainda em sonhos meus olhos te sabiam.
Minha boca soletrava,
na tua boca, um beijo.

Eu dizia: você está em mim até
quando eu não estou.

Hoje descobri que voltei e você se foi. Sem mais lembranças, o sonho desperta. O tempo depois do fim sempre termina.

CQ