Sem poesia, a vida seria a morte.


segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

E vem o tempo escuro desses dias longos onde nada me salva além do silêncio que sinto. Precisava recostar os olhos no teu peito..só teus braços têm meus horizontes. CQ

Ora direis ouvir estrelas
Ora direi eu,
hora a hora sem entender o tempo que passa sem sentido.

Não escuto mais nada do céu por hoje.
O sol se esconde de mim. CQ

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

(.....)

Dezembro de madrugadas quentes e janelas abertas 
por onde a brisa há de invadir e afugentar a dolência velada 
dos amores não vividos. MV

domingo, 2 de dezembro de 2012


Então eu entrego o que guardo entre os mais secretos medos
e fecho os olhos para não perder um momento sequer no abraço que me envolve,
na esperança que me dissolve.

Teus braços têm horizontes.

Imagem: L. Blanck
Um clarão na noite igual o dia. 
E era dia que não tinha lua..
só névoa, orvalho, o mundo pára. 
Suplico a tua prece. 
- Deus, me espera que ele gira, eu juro.
Hoje a dor é nos ossos. E passa.

CQ
Cabeça sobre o tórax
Tórax sobre abdome
Abdome sobre a pelve
Pelve sobre as pernas
Pernas sobre o pés
Pés sobre a terra.

O sol no céu e no peito.
Tudo certo. CQ

E o domigo se vai, inteiro sol,
todo verso, feito poesia.

CQ


Nas breves linhas,
Um tanto de dor e sua cura.
Escrevo para que o verbo seja eterno. Escrever é amar.

CQ

quinta-feira, 29 de novembro de 2012


Substantivo que me falta hoje..

Tenho um verbo em delírios divinos
Conjugando meu presente, em estado de graça. CQ

domingo, 25 de novembro de 2012

dia sim
dia não
dia sim dia não
não ao dia sim.

Não, eu não sei dizer sim. Nenhum dia pode ser assim. CQ

domingo, 23 de setembro de 2012


hoje desperdicei no dia
um almoço de uma tarde, uma pia toda limpa.
Agora cozinhei o feijão da semana.
O cheiro bom e doce de mais dias já me chegam aos pulmões.
A cama me sussurra teu nome,
queria saber cantar, mas canto.
CQ

domingo, 22 de julho de 2012


A divisão está completa. Por cissiparidade, almas idênticas.
DNA estranho, uma é alguém que observa e outra a que escreve.

Hoje o dia é novo, mas a dúvida fica.
Em qual das duas há de sair hoje?
A que vive?

CQ

sábado, 21 de julho de 2012

A Divina Justiça

Chuva e Morte..
Chega sempre igual
Chove em todos os campos..
e todo mundo tem sua Hora.

CQ

sexta-feira, 20 de julho de 2012

noites do avesso

silenciosas
frias
longas
e vazias.

Mas com boas costuras, o avesso mesmo avesso,
é lindo.

CQ

sábado, 14 de julho de 2012

O último verso de Adélia

Na noite fria que amedronta, as orações se encontram.
Penso na hora da minha morte, 
no pai meu que está no céu,
no pão nosso de cada dia,
nos males que se livram de mim.

E nesses dias que creio de um jeito santo:
este vale é de lágrimas.

CQ

quinta-feira, 12 de julho de 2012


A concha

Não importa a altura da torre ou a profundidade do poço.
Por mais longa que seja a viagem,
nunca sairemos de dentro de nós mesmos.

CQ

terça-feira, 10 de julho de 2012

Tempo de
Contra tempos.
Esquece de contar o tempo
e muda.

E os tempos mudam. E agora e para sempre a favor do vento.

Quando é amor que te acompanha,
As rosas te alcançam.

CQ

segunda-feira, 9 de julho de 2012


É um tom de laranja
sobre os montes
um pensamento inarticulado
de que a Virgem
pôs o mundo no colo
e passeia com ele nos rosais.

Sinal no céu, Adelia Prado.
Foto: CQ - do colo da Virgem avisto os rosais, num entardecer.

em julho as tardes não se salvam,
frias, secas e vazias.


Beleza de inverno é assim..tardes lindas. 
De morrer. CQ

domingo, 8 de julho de 2012

nenhum verso me encontra
nada do que existe é o que conta
no tempo limpo e vazio
como a pia desta cozinha.

Hoje é fim de domingo 
e o céu está transbordado. CQ

quinta-feira, 5 de julho de 2012


Sonhos de mãe

acordar um pouco antes do sol nascer e olhar demoradamente os filhos dormindo..
uma sensação intensa de segurança por ter um anjo sobre o ninho cheio ainda...faz lembrar da dor tão boa do peito cheio de leite nas primeiras madrugadas, do cheiro de criança que paira no ar do quarto iluminado pela luz da lua, do som silencioso do sono dos pequenos..e eu preciso fechar os olhos para sentir a maciez daquela pele doce e fresca ao toque dos meus lábios..o sorriso vem fácil pelo cheiro dos cabelos que acariciam minha face.

A minha própria inocência me toca quando peço que nunca terminem esses dias..

..para sempre vai ser minha oração de começar o dia.. CQ

terça-feira, 3 de julho de 2012


Do alto do meu porão
me jogo sem asas na escuridão da noite que logo chega.
pela dor que me cega, busco no céu de Ícaro mais versos do que os reversos desse céu que me cobre.

E é tão bom olhar o mundo de cima, quando se está embaixo de tudo aqui..CQ

segunda-feira, 2 de julho de 2012


Uma janela de vidro se quebra nas minhas mãos,
os cristais brilham ao entardecer das minhas mãos..
O vento fresco atravessa essa nova liberdade
e mais um leve sorriso se abre em mim:

Agora tenho cacos para um novo vitral.

CQ

quinta-feira, 28 de junho de 2012


inferno astral

julho me traz medos inconfessáveis
como se pudesse morrer ontem mesmo..
na verdade, há muito tempo morro..

Julho me faz não existir.

CQ

domingo, 24 de junho de 2012

e o domingo se vai
na delicadeza das laranjas descascadas na varanda
no cheiro da sopa quente no fogão..
 
da saudade de quem guarda meu coração no peito
digo em meus olhos fechados:
vai viver.

CQ

quinta-feira, 21 de junho de 2012

póstuma

é assim que vou como quem fica
ninguém há de notar quando eu partir.
Meu perfume, esse assim que vou deixar sem ar, 
me presencia. 



CQ
Quando leio, escrevo e me calo.. 
já me dá certeza de onde não vou parar. 



CQ

domingo, 17 de junho de 2012

O Sétimo

Sete palmos abaixo.
Sete dias adiante.

Uma prece acima.
Noites adentro.
Todas, muito mais que sete.


Setenta vezes sete vezes o perdão
por doer dores minhas não medidas
não entendidas, não pedidas.

Que pelo menos, sete vidas mais eu saiba como viver sem dia.
Sem vida.
CQ
anos se passam entre dois dias

hoje é domingo
e até os ossos se quebram.

CQ

sábado, 16 de junho de 2012

Num avesso de um carinho 
sonho que teus cabelos acariciam meus dedos 
encosto meu peito nos teus ouvidos
e teu coracão me conta, marejado..


é bem de noite que a tristeza mais silenciosa chega
seu ronco me desperta..
de qualquer lado, 
o outro dorme vazio.

CQ

sexta-feira, 8 de junho de 2012


hemiplegia

um amor vazio numa parte esquecida de mim
formigando, queimando,
dolorido.

crepita em mim esse desejo de comer pão quente
de tomar um cheiro de sopa requentada que não me pertenceu
sozinha nessa varanda fria,
esquecida.

Vida aleijada essa.
Meio viva, meio morta.

CQ

a traição

a vida que se entrega para
a morte que trai
que chega sorrateira, meio sombra
não diz que vai te levar dali alguns dias
e tudo parece tão rotineiro
que nem vale a pena gastar um tempo pensando no fim

a morte que chega hoje,
que chega agora
que chegou há pouco,

tão rotineira a morte
tão rotineira a vida.

A tarefa do dia
é reconstruir tua ausência.

CQ

domingo, 3 de junho de 2012

sábado, 2 de junho de 2012


E eu queria ficar só
num canto de dentro..
Olhar em voltas dá vertigem,
é do alto que o mundo gira.

CQ

domingo, 20 de maio de 2012


Hoje é assim. Tão longe e tão perto.
Como uma coisa areia no branco sal dentro do mar.
Um vazio nas mãos que não te alcançam,
numa dor, infinita e pequena.

CQ

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Epifania

Mãos dadas
cada um como fonte e sede.
Ao mesmo tempo.

CQ

Num dia desses, estaria feliz, como um campo que sentiu o cheiro da chuva.
Segue a vida descendo numa minha lágrima seca,
dentro dos teus olhos.

CQ

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Música terapia 2


Uma música e suas partes..ritmo, melodia, som, harmonia. Toque. 
Poesia.


ritmo que estrutura um tempo que não passa..
melodia que conecta uma emoção que não cessa..
som que traz harmonia para a dor que não fala..
Poesia que canta o que me conta..o que mais me conta.


Música que toca de leve os cabelos, os pelos, a nuca.
Música cura medos quando toca na pele.
Nem que seja por uns breves três minutos e meio.


CQ


Há dias não come, não tem sede. Chega esse tempo estranho, com estômago cheio apesar de vazio. Uma vez leu num livro que isso era o começo da morte, a dissolução dos quatro elementos e começava assim, pela dissolução da terra, da matéria. Mas não dissolve fácil não, tinha lembrança que ainda havia muito o que passar na pele. Fria. As mãos permaneciam imóveis ao lado da grade da cama, brancas e magras, com um esmalte de semanas quase todo em cacos. Não consegue mexer seu corpo, que tem um peso nunca sentido antes. Tenta levantar a cabeça, mas o olhar só alcança o teto da enfermaria. Deve estar na mesma posição há horas...dias..ouve alguns passos no corredor, alguém se aproxima, descobre seu peito nu. Examina com esse aparelho frio que os médicos usam para escutar o coração..ah, se seu coração pudesse dizer o que sentia ao aparelho.. Olha o soro na cabeceira da cama. Gota a gota. Parece que pode escutar o som de cada gota que entra por sua veia. Os braços doem, pesados...pensa se na morte o frio ainda pode ser pior. Sim, parece que pode. Os poucos pelos se eriçam, seus mamilos enrigecem. Os peitos ardem, cheios. Eram pequenos, mas ficaram tão bonitos na gravidez. Lembra que gostava de tomar sol na janela do quarto se arriscando ser vista seminua. Gostava do risco, se achava bonita e poderia ser admirada..agora era permitido. Num soco seco, falta o ar e uma lembrança. Onde estará seu filho? Ainda podia sentir seus movimentos em seu ventre, mas agora lembra que o parto já tinha acontecido. Muita dor e um momento de escuridão quando viu um anjo sobre sua fronte. Não, eu não posso morrer agora, disse ao anjo, que sorriu uma tristeza. Meu filho? Onde está meu filho? Sentia um líquido quente escorrendo no meio das pernas, molhando suas costas..o médico aos berros: Hemorragia! Ela está parando!

Parou. Voltou. Paralisada dentro desse túmulo de carne e osso onde é frio e nada se mexe. Os passos se aproximam de novo. Alguém mexe no soro, muda a posição da cortina, abrindo a janela. Lá fora um dia cinza. Frio. Ninguém pode ouvir sua súplica silenciosa...seu filho, seu frio. Um instante numa eternidade e adormece. Sente um calor que acaricia o seio, e a dor começa a ir embora. Muitos passos no corredor, um grito.
Tão jovem, tão bela, tão fria. Tão morta.

Sem dor, sem frio, o leite escorre de seus mamilos rijos. O anjo a toma nos braços, ela sorri, saciada. Dissolvida na vida, amamentou sua morte.


terça-feira, 1 de maio de 2012


Natureza morta

Um vaso sem flores sobre a mesa.
Uma meia maçã solta na pia.
Uma cesta de pão de anteontem.

Eu sem você.

CQ

domingo, 22 de abril de 2012

Hoje me dei conta que o que tenho por ti é um olhar irreversível.

CQ
Imagem: O beijo, Gustav Klimt

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Par Perfeito.
(amor: ímpares que se descobrem pares)

CQ para MV

Você vem,
e descobre a melhor parte de mim
A parte da arte,
a arte da parte, pedaço de mim mais bonito,
e inteiro..
Eu me olho nos teus olhos e parece que tenho um encanto
nesse canto iluminado que não sabia que estava aqui, mas você sim..


Gosto de ver o que sou do teu jeito.
Teus olhos me sonham. E eu realizo.

CQ

domingo, 8 de abril de 2012


Adormeço sem sonhos, na noite nua,
tua lua de branco,
lua de paz.

Misteriosamente assiste nesse novo horizonte,
a tempestade que chega nuns olhos castanhos.

CQ

quinta-feira, 5 de abril de 2012

sexta-feira, 30 de março de 2012


Todos os relógios do mundo marcam a mesma hora,
mas toda hora é nova para cada relógio.

Os mistérios do céu se revelam um tanto a mais do possível e
ousado
desnuda a alma que já pensava-se nua e
plena
renova suas dimensões, suas fronteiras, seus ilimites.

E a alma ilimitada se liberta,
se encontra, transmuta e sente.

Se desde Netuno
Vênus rodopia todo o relógio e tonta, já sabe o que busca,
Plutão se diverte assistindo seus domínios ampliados
num Sol tão a pino que não permite mais nenhuma sombra.
Não há como se esconder ou fugir.
O universo se entrega
em intervalos, os conflitos se atenuam e a luz segue livre
num horizonte que transcende, acende, e suavemente preenche.

mais uma vez sempre
hoje meu coração me excede,
no ar flutua e permanece,
estou aqui agora..estou sempre agora.

Claudia Quintana

terça-feira, 20 de março de 2012


O que mais dificulta viver essa insônia
é conciliar a lucidez do meu coração
com a insanidade dos meus pensamentos. CQ

sábado, 3 de março de 2012

quinta-feira, 1 de março de 2012


De todos os meus dons, o que mais me fascina é o meu direito a imperfeição.

A consciência fica perfeitamente mais leve e a minha vida,
perfeitamente única.

CQ

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012


Eu não sabia que poderia ter sido namorada do Manoel de Barros..ia ser mesmo amorável.

"Eu tive uma namorada que via errado. O que ela
via não era uma garça na beira do rio. O que ela
via era um rio na beira de uma garça. Ela despraticava
as normas. Dizia que seu avesso era mais visível
do que um poste. Com ela as coisas tinham que mudar
de comportamento. Aliás, a moça me contou uma vez
que tinha encontros diários com suas contradições.
Acho que essa freqüência nos desencontros ajudava
o seu ver oblíquo. Falou por acréscimo que ela
não contemplava as paisagens. Que eram as paisagens
que a contemplavam. Chegou de ir no oculista. Não
era um defeito físico falou o diagnóstico. Induziu
que poderia ser uma disfunção da alma. Mas ela
falou que a ciência não tem lógica. Porque viver
não tem lógica – como diria nossa Lispector.
Veja isto: Rimbaud botou a beleza nos olhos e
viu que a beleza é amarga. Tem Lógica? Também ela
quis trocar por duas andorinhas os urubus que
avoavam no Ocaso de seu avô. O Ocaso do seu avô
tinha virado uma praga de urubu. Ela queria trocar
porque as andorinhas eram amoráveis e os urubus
eram carniceiros. Ela não tinha certeza se essa
troca podia ser feita. O pai falou que verbalmente
podia. Que era só despraticar as normas. Achei certo."


Um Olhar - Manoel de Barros

domingo, 26 de fevereiro de 2012


Meu tempo passa.
Sofro ainda de ter a pele pálida, carecendo de um pouco de leite para a maciez destes vales e calvários a que chamam rugas..
Padeço dessa realidade torta, criada, inventada de doces delírios e sonhos fugazes.
Ando a espreita desse amor de demora, que me toma a alma e o peito cheio de ar..
Peço paciência de estar paciente nesses dias mornos de tardes sem fim, sem começos..
mas que chegam no fim, nas noites em que a lua me fita e me admira no tanto de paz que ainda consigo transbordar apesar dos anos todos de abandono..Choro o choro brando daqueles que choraram pedindo lágrimas invisíveis. E as tenho..sim eu as tenho todas..abençoada pelo escuro da morte, que ninguém veja minha dor.

Olho através da espera desse futuro que escorre entre os dedos.. peço a Deus que ainda me traga dores amáveis, medos curáveis e uma certa alegria sadia.

Peço pouco, mas tudo, por favor.

CQ

sábado, 25 de fevereiro de 2012


Notícias ao meu coração no exílo do teu peito:

Assim vai a vida, mais leve assim.
Doce, finita e eterna.
Amo-te.

CQ


E o sábado se vai como um sonho.
Vestido de véspera, quase realizado.

CQ

Foto: Philip Toledano

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012


Verdades (in)absolutas.

Aqui se faz, aqui se paga.
Aqui se dá, aqui se pede.
Num outro tempo, se recebe.
Nunca é tempo demais.
Sempre é quase um instante.
Não é possível perder o que te pertence.
Eu um dia desisto.

CQ

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Não quero faca, nem queijo. 
Quero a fome.


Adelia Prado (a que me inspira viver)
Uma alma a salvo, salva muito mais do que uma alma.
Paz, a todos que têm alma de boa vontade. 


CQ

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012


Breves definições

Preguiça? Um restinho de sono no fundo da cama..
Chorinho? Um restinho de suco no fundo do copo..
Melancolia? Um restinho de dor no fundo do poço..
Saudade? Um restinho de amor no fundo do coração.

CQ

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Há de sempre aliviar a dor dessas almas que sofrem um excesso de poesia.
Padeço de uma dor que também me cura quando sinto que o que me abre
é meu coração que voltou ao peito.

E sofrer dessa dor um tanto , alivia esse peso
de ser feliz tão constantemente. 


CQ

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012


Todas as palavras aqui escritas resumem-se num estado sempre atual que eu chamo de "estou sendo".
Clarice L.

e eu? Estou sendo..
C. Quintana

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Vagalumes



Uma luz que vaga na mente
perdida sua noite iluminada
pelos vagalumes da minha solidão acordada.
Fecho os olhos vagamente,
contemplo o templo onde vagam luzes.


Entre as sombras, as palavras, entre as linhas,
Mando notícias de mim ao meu coração exilado.


sábado, 28 de janeiro de 2012

Um dia você descobre que não precisa mais procurar Deus.
Um dia desses você acorda, olha em volta, e descobre que está dentro de Deus.

CQ

sábado, 21 de janeiro de 2012

Sob certo ponto de vista, o mundo parece ser chato. 
De outro ângulo é até possível que seja redondo, mas desce quadrado de vez em quando. 
E assim mesmo, gira. 
Rápido. 


Tempo livre de relógio num sábado molhado que desacelera em paz, 
esperando com as mãos sobre o peito, 
o domingo que desce do céu. CQ

domingo, 15 de janeiro de 2012


Numa tarde de sol,
depois da chuva que picotou a areia,
caminho mansa sobre as fivelinhas das ondas que beijam a praia.
Ando de chuva e amo.
Amo viver de sol só para descobrir se vivo.

Sol e chuva, com gosto de mar, eu gosto.
Gosto assim de você, como quem gosta do mar.


CQ

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Pensamentos cardíacos..

Por Carlos Drummond de Andrade

AMOR E SEU TEMPO

Amor é privilégio de maduros
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.

É isto, amor: o ganho não previsto,
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe

valendo a pena e o preço do terrestre,
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.

Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O dia passa da metade e o sol nem se importa se a realidade merece ou não ser interessante. 


O melhor dos dias extraordinários é o que acontece nas ordinárias horas que se passam dentro deles.


CQ